A TV Globo pretende, com a ajuda de Alá, reverter o momento delicado no qual se encontra o “Vale a Pena Ver de Novo”. Há 30 anos em cartaz, a faixa dá sinais de desgaste por conta das escolhas equivocadas de tramas a serem reapresentadas no horário. A emissora aposta agora que a reprise de “O Clone”, no ar a partir da próxima segunda-feira (10), possa elevar a audiência que ficou abaixo dos 10 pontos com a exibição de “Sete Pecados”. Para efeito de comparação, sua antecessora fechou com a média final de 15 pontos – número nada animador se comparado com a reprise de “Senhora do Destino”, que chegou a bater 21 pontos no Ibope há um ano.
Quando o canal carioca anunciou que a novela de Walcyr Carrasco seria a substituta de “Sinhá Moça”, o público mais uma vez reclamou da escolha feita pelos diretores da emissora. A trama, exibida originalmente em 2007, ainda estava fresca na memória do telespectador. Resultado: a produção teve o pior desempenho na faixa nos últimos dez anos. Visando estancar a fuga de audiência, a direção resumiu a história em 85 capítulos. Segundo o blog do jornalista Daniel Castro, para que a novela de Glória Perez pudesse entrar logo no ar, a emissora chegou a condensar três capítulos em um bloco de 15 minutos.
Ano novo, novela nova e dedos cruzados. Exibida em 2001, “O Clone” está entre as dez produções globais mais vendidas para o exterior. Dirigida por Jayme Monjardim, o folhetim recebeu vários prêmios e elogios da crítica por ter abordado o universo das drogas através da personagem de Débora Falabella. Mas, por conta da classificação indicativa – e também por ter sido considerada uma trama muito pesada para o horário -, a história de Mel foi editada e muitas da cenas exibidas no original não irão ao ar.
O fato é que os números preocupam. Fontes revelaram ao Famosidades que em 2011 a emissora pretende apostar em produtos fortes – leia-se folhetins escritos para o horário das 21 horas – com a missão de colocar a faixa no trilho. O telespectador mais saudosista que espera rever alguma trama exibida durante a década de 90 ou 80 pode tirar seu cavalinho da chuva. A atual direção da emissora não pretende escalar novelas que tenham sido produzidas há mais de 10 anos.
Mas, afinal, como é realizada a escolha de uma novela para ser reapresentada no “Vale a Pena Ver de Novo? O Famosidades foi atrás desta resposta e encontrou uma série de informações desencontradas por parte da emissora. A reportagem descobriu que até mesmo para os funcionários da Central Globo de Produção (CGP) o processo é um mistério.
Apesar de ocupar um lugar estratégico na programação, o “Vale a Pena Ver de Novo” é, talvez, a única atração da emissora que não conta com uma assessoria específica. Ou seja, não há um porta-voz para explicar a imprensa como é feita a pesquisa em torno de um novo título a ser reapresentado. Por e-mail, a assessoria da emissora limitou-se a informar que “a decisão da novela que será exibida no 'Vale a Pena Ver de Novo' obedece a critérios estratégicos de programação”. No texto, eles explicaram ainda que a escolha é um procedimento interno da TV Globo e que, por isso, não possuem “informações disponíveis sobre o assunto”.
Agora, se realmente vale a pena ver de novo, o público deveria ter algum papel durante este processo. Porém, o CAT não sabe informar se há algum tipo de pesquisa feita com o público. A única forma de obter a opinião do público é através da própria central de atendimento ou do site da Rede Globo, onde o telespectador pode dar sua sugestão. No entanto, fontes doFamosidades garantiram que não existe nenhuma pesquisa de aferição para saber o desejo de quem está do outro lado da telinha. O fator determinante para uma novela ser reapresentada é a audiência conquistada durante o tempo em que esteve no ar.
A tese levantada pelas fontes é confirmada pela ex-coordenadora nacional de mídia e programação TV Globo, Regina Varella, que trabalhou durante 18 anos na emissora. Segundo Regina, durante o tempo em que permaneceu no cargo, havia uma pesquisa interna para se chegar a uma decisão final. “São escolhidos alguns títulos e, a partir daí, são avaliados os números que as novelas alcançaram durante sua apresentação”, explicou. A reportagem tentou entrar em contato com a Central Globo de Programação para averiguar se, realmente, esses procedimentos são determinantes para se chegar a um resultado, mas, até o fechamento desta matéria não conseguimos falar com um responsável pelo setor.
Se a audiência for mesmo fator determinante, talvez a emissora tenha tomado uma decisão equivocada, uma vez que “Sete Pecados” teve problemas nesse quesito durante a primeira exibição e precisou passar por ajustes para atender ao público. Longe de ser um fracasso, o folhetim teve média geral de 30 pontos. Número considerado razoável pelo pessoal do Projac. Se a ideia era estancar a queda no horário com base nos “procedimentos internos da TV Globo”, o ideal seria escalar “Cobras e Lagartos”, escrita por João Emanuel Carneiro em 2006, que deu picos de 41 pontos no Ibope.
Regina Varella, que trocou os estúdios da emissora pelas salas de aula há 11 anos, acredita que não houve erro de programação e que audiência de novela é uma loteria. “Nunca se sabe o que vai agradar a quem está com o controle remoto. Você escala um elenco estelar, com uma trama fantástica e o público não
compra. Às vezes, não há explicações”, afirmou a professora da Universidade Estácio de Sá.
Se a emissora levasse em consideração o que o telespectador deseja rever, as coisas poderiam ser diferentes. Prova disso é o sucesso do canal Viva, que com apenas seis meses no ar, é um tremendo sucesso de público e crítica. Segundo a assessoria do canal, a programação é feita em parceria com a TV Globo aliada com a vontade do público.
Por meio das redes sociais, uma equipe do canal tem a missão de descobrir o que os telespectadores desejam assistir. Resultado: uma grade que atende aos mais variados estilos. No momento, é possível, por exemplo, matar a saudade de Babalu em “Quatro por Quatro”, sofrer junto com o segredo guardado por Helena em “Por Amor” e relembrar as divertidas histórias da turma do Arouche em “Sai de Baixo”.
Mas nada se compara a “Vale Tudo”. Segundo informações do jornal “O Estado de S. Paulo”, a reapresentação da trama liderou o Ibope audiência na TV por assinatura, em outubro. Exibida as 0h45, a produção que imortalizou a personagem Odete Roitman teve 10% a mais de audiência que a segunda colocada no horário. A novela virou sucesso na internet e conquistou um bom espaço na imprensa. Algo raro com reprises. Para Regina, “Vale Tudo” se tornou cult e o telespectador que acompanha a novela de madrugada não é o mesmo que assiste ao “Vale a Pena Ver de Novo”. “É um público elitizado. A dona de casa, por exemplo, está dormindo essa hora”, afirmou. A telespectadora e dona de casa Maria Cléria, de 39 anos, discordou. “Preferia mil vezes ver a Odete Roitman do que a Beatriz”, afirmou.
Ex-coordenadora do curso de Autor/Roteirista da Estácio, Regina acredita que, por não obedecer aos padrões atuais, a produção não tivesse a mesma repercussão se fosse exibida na TV aberta. “O ritmo da novela é diferente. O público está acostumado com tramas ágeis, planos abertos. 'Vale Tudo' é escura, com diálogos longos. Uma ótima novela, mas muito diferente do que o jovem está acostumado a assistir”, avaliou. A profissional disse ainda que está na hora da emissora rever seus conceitos. “Com algumas exceções, não é de hoje que a Globo enfrenta problemas no horário. Está na hora de reformular. Ou ela ousa na escolha dos produtos que serão reprisados ou cria algo novo”, opinou.
Há exatos 30 anos, a atração possibilita que o telespectador mate as saudades de um determinado personagem ou de uma trama que, de alguma forma, marcou uma época de sua vida. “Adoraria rever 'Sonho Meu' porque seria uma forma de voltar para a infância e lembrar tudo de bom que eu vivi naquele tempo”, contou o fotógrafo Vinícius Borja ao Famosidades.
Pelo visto, ainda não vai ser dessa vez que Borja vai ter seu desejo atendido. Na Globo, a torcida é para que o público se emocione novamente com a história de amor da mulçumana Jade e do empresário Lucas e que os números também sejam "clonados" para que o "Vale a Pena Ver de Novo" não queime no mármore do inferno.
como é feita a escolha pra exibição das novelas no vale a pena ver de novo?
ResponderExcluirvania.marinhoymal.com
ResponderExcluirgostaria de saber porque a novela chocolate com pimenta repeete pela quarta vez ufa ta demais tanta novela que nao entrou no vale pena ver de novo como a padroeira como é feita essa seleção
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