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sábado, 10 de dezembro de 2011

60 anos de teledramaturgia em 50 minutos

Nesta sexta-feira (09), o "Globo Repórter" deu folga ao bichos e cientistas e tratou de explorar os arquivos de ouro da nossa teledramaturgia, que está comemorando 60 anos. Na verdade, pouco se falou sobre o que foi produzido fora da emissora carioca, excetuando títulos de incomensurável importância como, por exemplo, "Beto Rockfeller" (1968), novela exibida pela extinta TV Tupi e tida como a primeira a falar a língua do espectador. Vamos engolir esse egocentrismo da Globo e fingir que "Pantanal" (1990) jamais foi levada ao ar, tudo bem?

A edição especial do jornalístico passeou pelo Projac; visitou a bela cidade cenográfica de "A Vida da Gente"; acompanhou as gravações da recém-encerrada "O Astro"; abriu o álbum de fotos de Marília Pêra, que disse ter adorado fazer "Brega & Chique" (1987) e "Cobras & Lagartos" (2006); conversou com figurinistas e costureiras; arrancou lágrimas (ou quase) de Tony Ramos; mostrou Gloria Pires em diferentes momentos de sua carreira; ouviu boas recordações de Lima Duarte, um dos contracheques mais antigos da nossa TV; bateu um papo com Vida Alves, a atriz do primeiro beijo televisionado; encontrou os monstros sagrados Regina Duarte e Francisco Cuoco nos bastidores; e abordou os momentos complicados dos tempos de censura, passando um trechinho da versão vetada de "Roque Santeiro" (1975). No entanto, nenhum autor foi chamado para dar uma palavrinha. Os gigantes Tarcísio Meira e Glória Menezes, inexplicavelmente, também não prestaram depoimento.

Em 50 minutos, muitas imagens pipocaram na tela. Algumas bem selecionadas, outras nem tanto. Muitos momentos foram lembrados. Alguns merecedores, outros nem tanto. Muitas novelas receberam destaque. Algumas inesquecíveis, outras nem tanto. 

Chamou a atenção o oba-oba feito sobre "Caminho das Índias" (2009), dando a entender que a mais recente trama de Glória Perez foi um novelão de grande sucesso. Quando se falou em momento de grande emoção nesses 60 anos, apareceu na tela a cena em que Laura Cardoso diz à Tony Ramos que Lima Duarte é seu pai. Um momento bonito, mas nem de longe inolvidável. É a força do Emmy, minha gente! Enquanto isso, a careca de Carolina Dieckmann em "Laços de Família" (2000) passou num piscar de olhos.

Grandes expoentes ganharam mais do que cinco segundos no ar. Clássicos como "Irmãos Coragem" (1970), "Selva de Pedra" (1972), "Gabriela" (1975), "Dancin' Days" (1978), "Guerra dos Sexos" (1983), "Roque Santeiro" (1985), "Vale Tudo" (1988) e "Que Rei Sou Eu?" (1989) receberam tratamento especial. O mesmo não aconteceu com "A Próxima Vítima" (1995), maior thriller já visto, que sequer foi mencionada (se foi, comi mosca). E vou morrer sem entender o porquê de "Pai Herói" (1979), sucesso de Janete Clair, sempre ser ignorada em especiais desse tipo. Como assim, produção?!
Das novelas das nove mais recentes, curiosamente, apenas "Páginas da Vida" (2006) não foi citada. E dizem que ela está sendo preparada para substituir "Mulheres de Areia" (1993) no "Vale a Pena Ver de Novo". Hummm... Por falar na novela de Ivani Ribeiro, Ruth e Raquel (Gloria Pires) pintaram no vídeo quando se falou em efeitos especiais. Foi aí também que "A Indomada" (1997), minha novela favorita, ganhou sua modesta passagem, com Selton Mello, no meio da praça, virando anjo e embasbacando toda a cidade de Greenville. Depois, a inesquecível megera Altiva, interpretada pela gloriosa Eva Wilma, recebeu apenas um lampejo na seção de vilões. Nessa parte, Felipe Barreto (Antônio Fagundes, "O Dono do Mundo" - 1991), Perpétua (Joana Fomm, "Tieta" - 1989), Nazaré Tedesco (Renata Sorrah, "Senhora do Destino" - 2004), Cândido Alegria (Armando Bógus, "Pedra sobre Pedra" - 1992) e Flora (Patrícia Pillar, "A Favorita" - 2008) brilharam.

Mesmo que muita coisa tenha ficado de fora e o material não tenha sido aproveitado como deveria, valeu muito a pena essa edição nostálgica do "Globo Repórter". Muita gente deve ter tirado a poeira do videocassete. Muitos já devem estar cansados do formato, mas a telenovela, até por ser o produto artístico mais consumido nesse país, ainda tem muitas e muitas décadas para festejar. E eu, como noveleiro inveterado, estarei sempre prestigiando.

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