O ano de 2011 foi muito produtivo para a teledramaturgia brasileira, em todos os aspectos – inclusive considerando a audiência, e que ela diminui a cada ano na TV. E, sobretudo para a Globo, que reinou absoluta. Foram 37 produções, entre novelas, minisséries e seriados nacionais, sendo que apenas treze delas não eram da Globo.
A série Mulher de Fases foi uma boa opção da TV a cabo. Produzida pela Casa de Cinema de Porto Alegre e rodada na capital gaúcha, a sitcom foi a primeira série fora do eixo Rio-São Paulo, apresentada na HBO Brasil (entre abril e junho deste ano).
Outra opção interessante foi a adulta Oscar Freire 279, primeira série dramática do Multishow. Escrita por Antonia Pellegrino – uma das roteiristas do filme Bruna Surfistinha - e direção de Márcia Faria, a história não era novidade: garota recém formada em arquitetura vem do sul para São Paulo e acaba se prostituindo. Mas a seriedade com com a qual o tema foi abordado mereceu o destaque na mídia.
Entre as séries de humor do Multishow (as novas temporadas de Adorável Psicose,Morando Sozinho e Não Conta Lá em Casa) o destaque foi a inédita Ed Mort, estrelada por Fernando Caruso e inspirada no famoso personagem de Luís Fernando Veríssimo. O detetive particular formado por correspondência já havia aparecido no cinema, interpretado por Paulo Betti.
Das três séries apresentadas pela TV Brasil em 2011 – Natália, Brilhante F.C. e Vida de Estagiário, vencedoras de um concurso público promovido pelo Ministério da Cultura em 2008 -, Natália foi a melhor delas. Gravada em 2010, foi apresentada entre maio e julho de 2011. Estrelada por Aisha Jambo, o tema era impactante: uma garota pobre e evangélica terá que decidir entre a vida que leva no subúrbio carioca e o convite para se transformar numa modelo famosa, com tudo o que esta decisão pode implicar. A abordagem religiosa da série representou uma ousadia para um canal de TV sem vínculo com igrejas, propondo um diálogo com o público numa abordagem realista com questões polêmicas, atuais e relevantes ao jovem, mas sem levantar bandeiras.
Os Anjos do Sexo foi uma série produzida em 2010 e apresentada este ano pela Band. Sua estreia foi programada para diferentes datas em 2011, e várias vezes adiada, até que finalmente estreou em julho. A indecisão com relação à sua estreia tinha motivo: passou despercebida. Dos 26 episódios gravados, apenas oito foram exibidos. Na grade da Band, vale destacar também a série infanto-juvenil-musical Julie e os Fantasmas.
Em janeiro, a Record levou ao ar a minissérie bíblica Sansão e Dalila, adaptada por Gustavo Reiz do Livro dos Juízes, estrelada por Fernando Pavão e Mel Lisboa. Produção esmerada com belas locações, a minissérie mostrou com qualidade o que se podia esperar de uma produção do gênero.
A Grande Família segue na grade da Globo ano que vem, depois de completar dez anos. Já é um dos programas de dramaturgia mais longevos da história. Nenhuma novidade relevante, a fórmula continua a mesma, ainda que batida. E a audiência também continua a mesma, cativa. Apenas lamento ver atores do gabarito de Marco Nanini e Marieta Severo presos aos mesmos personagens por tanto tempo.
Aline, que estreou em 2009, retornou em uma nova temporada em 2011. E saiu do ar apenas um mês após sua estreia. O motivo alegado pela Globo foi a baixa audiência em algumas praças. A série – cuja personagem original de Adão Iturrusgarai havia se descaracterizado na transposição para a TV – deu cores próprias e divertidas à personagem-título. Uma pena!
Já Força Tarefa garantiu sua terceira temporada em 2011 e fez bonito. Episódios bem escritos e bem dirigidos, com qualidade que pouco deve às produções americanas do gênero.
Em janeiro deste ano, a Globo apresentou três atrações que podem ser considerados minisséries. Amor em 4 Atos, com quatro histórias baseadas na obra musical de Chico Buarque, tentou transpor para a TV a poesia do músico. Para tanto, contou com fotografia, cenários, figurinos e direção de arte de primeira em um elenco afiado numa direção segura. Uma joia! O Bem Amado, a novela clássica de Dias Gomes (de 1973) – que já havia virado seriado nos anos 80 – ganhava uma versão para o cinema, no filme dirigido por Guel Arraes e estrelado por Marco Nanini. Tradução da obra de Dias pelos olhos, mãos e cabeça de Guel. Na TV, foi dividido em quatro capítulos. Chico Xavier, o filme dirigido e produzido por Daniel Filho – sucesso de bilheteria em 2010 -, chegava à TV, também em quatro capítulos. A minissérie era uma extensão do filme, já que trazia cenas inéditas.
Das séries inéditas apresentadas pela Globo em 2011, Batendo Ponto (domingo, após oFantástico) foi o fiasco do ano. Depois de sete episódios apresentados, o programa foi cancelado por baixa audiência: chegou a deixar a Globo em quarto lugar no Ibope, perdendo para o SBT, RedeTV!, Record e Band.
Tapas e Beijos foi a grata surpresa do ano, a melhor entre as séries apresentadas. Mesmo que tivesse causado algum estranhamento no início (Fernanda Torres ainda possuída pela Vani de Os Normais), foi conquistando o público com o passar dos episódios. Humor popular e dos bons, tem fôlego para mais temporadas.
Divã repetiu na TV, em formato de série, o sucesso que fez no cinema e no teatro, ainda que diferente em cada um dos três veículos. Vale dizer que o seriado de TV era, pelo menos, melhor que o filme, mais bem acabado, melhor escrito e dirigido. E a cada episódio, um show de Líilia Cabral. Pena que ela teve que ir para Fina Estampa…
Lara com Z, o spin-off da minissérie Cinquentinha de Aguinaldo Silva (2009), continuou a brincadeira iniciada com a uso da figura pública de Susana Vieira. A abertura já explicava a atração. Que bom que Aguinaldo foi escrever Fina Estampa…
A exemplo de Divã, A Mulher Invisível foi outro filme transformado em seriado de televisão. Mas, ao ser transposto para a TV, surtiu o efeito contrário do de Divã. A Mulher Invisíveldeveria ter ficado apenas no filme.
Macho Man trouxe o humor histriônico, ágil e mordaz da dupla Alexandre Machado e Fernanda Young para o universo gay em um salão de cabeleireiros. Jorge Fernando protagonizou, mas não seria ninguém sem a parceria de Marisa Orth e todos os coadjuvantes hilários do salão de beleza onde se desenrolavam as histórias.
E para constar, em janeiro teve a temporada anual de Acampamento de Férias, estrelada por Didi e sua trupe, chamada A Árvore da Vida. As crianças devem ter gostado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário