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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

LOCOMOTIVAS


Qual o lugar que o amor ocupa junto às pessoas? Para a maioria, pelo menos, ele é a mola que impulsiona e movimenta suas vidas. Mas o amor não se encontra à venda em lojas. Sua procura impõe muitos obstáculos a serem vencidos numa luta permanente. E é exatamente essa desenfreada luta pelo amor, a batalha para conquistá-lo e preservá-lo, que serve de tema para “Locomotivas”.




Em 01 de março de 1977, estreava mais uma novela clássica do saudoso mestre Cassiano Gabus Mendes. “Locomotivas” foi a responsável por trazer cores para as novelas das sete da Globo. A trama, que conquistou o publico, teve a honra de ser a primeira novela em cores das 19h. A trama ficou no ar até 12 de setembro do mesmo ano, totalizando 197 capítulos. A novela foi responsável em mostrar personagens envolvidos com a realidade daquela época, nem bons, nem ruins, e, da mesma forma que muita gente sonhava com o verdadeiro amor e felicidade. Só que na ânsia de amar e serem amados, essas pessoas não mediam sacrifícios ou artifícios.


Os grandes destaques de “Locomotivas” foram Aracy Balabanian, Walmor Chagas, Eva Todor com sua vedete Kiki Blanche, Dennis Carvalho vivendo o reprimido Netinho e seu romance com Patrícia (Elizângela). O ator português Tony Correia conquistou o publico com seu adorado e inesquecível personagem “Machadinho”. Lucélia Santos também era uma das sensações do momento e virou marca da novela na pele da temperamental Fernanda. “Locomotivas” era sua segunda novela, estreada apenas um mês depois de Lucélia brilhar e encantar o publico em “Escrava Isaura”, que viria a se transformar numa das novelas produzida pela Globo, exibida em diversos países do planeta.


Aracy Balabanian, Walmor Chagas e Lucélia Santos viveram um triangulo amoroso com direito a muito drama responsável em prender a atenção do telespectador. Milena, personagem de Aracy, se apaixonava pelo irresistível Fábio (Walmor Chagas) que também despertava uma paixão avassaladora em Fernanda (Lucélia Santos), suposta irmã adotiva de Milena. A discreta Milena começava então a viver um triste dilema assim que descobria que Fernanda também estava amando Fábio. Tudo piorava quando o publico descobria que Milena escondia um grande segredo: ela era a verdadeira mãe da apimentada Fernanda.



A novela tem como eixo central a família de Kiki Blanche (Eva Todor), uma ex-vedete de 54 anos que na verdade se chamava Maria Josefina Cabral. Longe da profissão há tempos, Kiki tem a vida voltada para a família e seu instituto de beleza, na zona sul do Rio de Janeiro, cuja gerência está a cargo de Milena (Aracy Balabanian), sua única filha legítima. Além desta, os filhos adotivos Fernanda (Lucélia Santos), Paulo (João Carlos Barroso), Renata (Thaís de Andrade) e Regina (Gisela Rocha) vivem desencontros amorosos na trama.



Quando Fernanda se apaixona por Fábio (Walmor Chagas), o mesmo homem amado por Milena, inicia-se um clímax na trama assim que Milena revela que é a verdadeira mãe de Fernanda. Este é um dos grandes conflitos de “Locomotivas”, e Milena acaba desistindo de Fábio em nome da felicidade da filha.



Gerente do salão de beleza de sua mãe Kiki Blanche, Milena, aos 33 anos, parece conformada com sua solteirice, dividindo seu tempo entre os cuidados com as irmãs mais novas e o trabalho. Ela ignorava completamente a palavra amor.


Um incidente, porém, faz com que tudo mude na vida da moça. Ao buscar Regina, a irmã caçula, na escola, acaba cruzando caminho com o charmoso viúvo e advogado Fábio, que também havia ido buscar a filha Lia (Mirian Fischer) na mesma escola. Conquistador, Fábio não perde tempo para jogar seu charme em Milena, na intenção de apenas se divertir e acrescentar mais uma conquista amorosa.


Mas o feitiço se volta contra o feiticeiro e Fábio acaba se apaixonando de verdade por Milena e, exatamente começa a mudar seus sentimentos em função desse amor. Ele muda totalmente seu comportamento, abandonando o título de um autentico Don Juan da época, se transformando num fiel e apaixonado namorado e plenamente correspondido por Milena.


Tudo seria perfeito não fosse a entrada triunfal da jovem e bela Fernanda. Rebelde e caprichosa, Fernanda competiu com a “irmã”, jamais admitindo sua proteção. Ao saber de seu romance com Fábio, decide brincar, tentando envolver o viúvo só para se divertir.


Mas novamente o feitiço vira contra o feiticeiro e Fernanda termina se apaixonando por Fábio através de uma competição com a “irmã”.

Milena, resolve sair de cena, em vez de lutar pelo que considerava o grande amor de sua vida, deixando o caminho livre para Fernanda e causando uma grande incompreensão sobre sua atitude, muito menos Fábio que insiste em Milena e foge de Fernanda como o diabo foge da cruz.


Porém, o misterioso comportamento de Milena, logo é desvendado: ela é a verdadeira mãe de Fernanda, fruto de um amor adolescente. Acontece que Kiki, na tentativa de proteger a filha dos comentários maldosos, encobre a situação adotando a neta como filha. E por não ter sido capaz de assumir suas responsabilidades na época, Milena, então, num gesto de auto-punição, abre mão de sua felicidade, imaginando que assim garantiria a felicidade da filha.


Fábio, no entanto, não se conforma e, da mesma forma que foge de Fernanda, insiste com Milena, apesar de ficar fascinado pela garota. Para complicar ainda mais a situação, entra em cena um novo personagem: o fazendeiro Zé Tião (Hélio Souto), irmão de Celeste (Ilka Soares), que se apaixona por Milena.


Enciumado e sem saber o que fazer para reconquistar Milena, Fábio ameaça se casar com Fernanda. No final, quem resolve esta complicada situação é a própria Fernanda. Alertada por uma cartomante de que sua mãe está viva, ela sai a sua procura. Para isso, pede a ajuda de Fábio, que já bastante desconfiado, acaba descobrindo que Milena é a verdadeira mãe de Fernanda.


Com todas as cartas na mesa, Zé Tião tira o seu time de campo e decide desistir do amor de Milena. Enquanto Fernanda, num momento de consciência e amadurecimento, renuncia ao charmoso viúvo para sua mãe poder, finalmente, ser feliz, ao lado do homem amado. Mesmo porque Fernanda conhece o português Machadinho por quem fica apaixonada.



Acompanha-se também a história de Netinho (Dennis Carvalho), um jovem bancário que vive pressionado pela possessiva mãe, Margarida (Miriam Pires). Em meio a suas questões familiares, ele nem sequer percebe que sua vizinha Celeste (Ilka Soares), uma mulher mais velha, é apaixonada por ele. Netinho também não consegue se libertar do cerco armado pela mãe dele que não aceita seu relacionamento com a jovem Patrícia (Elizângela), filha do rico empresário Sérgio Mello (Rogério Fróes).


Viúva e funcionaria publica, Margarida, fez do filho único, Netinho, sua única razão de viver. Por isso, vivia com medo de perdê-lo para outra mulher. Usava de todos os artifícios para se prevenir, destruindo qualquer namoro que ameaçasse ficar mais sério. Porém, já com 23 anos, Netinho não agüentava mais o domínio da própria mãe e, para fugir dele, se envolvia com Renata (Thaís de Andrade) e Patrícia, acabando ficando noivo de Renata, mesmo sem amá-la. Apavorada, Margarida não sossegava até conseguir desfazer esse noivado. Só que esse mérito era conseguido por Celeste, sua vizinha e melhor amiga, mulher que Netinho descobria o verdadeiro amor. Na verdade, Margarida, era a mãe que ninguém queria ter, mesmo sendo compreensíveis suas atitudes. Idosa e viúva, o filho era sua salvação, imaginando que ficaria ainda mais solitária caso ele se casasse.


Filho único de Margarida, o bancário Netinho, era o típico exemplo do rapaz dominado pela supermãe. Sem personalidade, covarde e muito imaturo, ele tinha medo de tudo e de todos, principalmente da mãe; o que se refletia em sua vida sentimental, transformando-a numa grande confusão. Netinho chegava a namorar Renata, mesmo sendo apaixonado por Patrícia, moça que certa vez o salvou de um afogamento no mar. Porém, apesar de apaixonado por Patrícia, não encontrava coragem para romper com Renata e muito menos enfrentar o temido Dr Sérgio Mello, pai de Patrícia, que sempre se opôs a qualquer relacionamento entre os dois.


Netinho permanece indeciso por muito tempo. Não foge, nem resiste às investidas de Patrícia ao mesmo tempo em que não as leva a sério e teme que Renata descubra tudo. Dessa forma ele vai levando sua vida amorosa até ficar noivo de Renata. Não por ter se apaixonado de verdade por uma das filhas de Kiki Blanche, mas porque achava que esse seria o caminho mais fácil para se livrar dos domínios da mãe.


Essa falsa situação dura pouco tempo, pois Renata percebe o jogo do rapaz e termina o noivado, magoada por Netinho não ter conseguido esquecer Patrícia. Livre, novamente, ele volta a ser alvo das investidas de Patrícia, que, outra vez, nada consegue.


Celeste que era a amiga e confidente de todas as horas, aos poucos se descobre a mulher ideal para Netinho. Mais velha e experiente, Celeste reúne a meiguice e a liberdade de Renata, a sensualidade de Patrícia, acrescida de sua maturidade emocional. Ela se tornava a mulher perfeita para dar proteção e segurança às necessidades do rapaz.


Percebendo o interesse de Celeste, Netinho agarra-se com unhas e dentes a possibilidade de libertação do despotismo materno. Agora aliado a um novo sentimento: o amor. E é pelo amor a Celeste que, finalmente Netinho tem coragem de enfrentar a mãe.


Margarida, por sua vez, não tem um enfarte ou coisa semelhante como sempre ameaçou para chantagear o filho. Percebe que o sentimento que liga Netinho a sua mulher é mais forte que imaginava, e que perderia o filho, caso insistisse na oposição ferrenha que sempre fazia.


Margarida, então, muda de tática, aceitando Celeste como amiga e nora, percebendo que esta é a forma certa para não se separar do amado filho e continuar disputando seu amor.



A privilegiada em conseguir conquistar o amor do irresistível Machadinho, era a determinada Fernanda, que a principio não se encantava com o charme do português e só o tinha como um grande amigo e confidente de sua paixão por Fábio.


As diferenças sócias entre Machadinho e Fernanda deram muito o que falar. O lado bom da história foi que o português sedutor conseguia afastar um pouco a atenção de Fernanda sobre o romance de Milena e Fábio, fazendo com que a jovem deixasse de investir no noivo da irmã.


Fernanda, na verdade, demorava um pouco até conseguir ficar apaixonada por Machadinho e deixar de atrapalhar a vida da irmã. A princípio, ela nem se quer notava a presença do português. E só começava a se interessar por ele quando visitou o restaurante de Seu Vitor (Isaac Bardavid), no subúrbio, quando o viu novamente.



Parente distante dos comerciantes Vitor (Isaac Bardavid) e Joana (Heloísa Mafalda), Alberto César Machado (o Machadinho), chegava ao Brasil para tentar a vida e se hospedava na casa dos simplórios donos de bar. Ao chegar, o cenário que ele se depara é angustiante: um botequim mal freqüentado e quase na falência. Vitor e o sogro Chico Rico vivendo sempre as turras; e duas moças, Gracinha (a filha do casal e manicure do salão de Kiki Blanche, que morre de vergonha do bar dos pais) e Lourdinha, amiga de trabalho de Gracinha, que, chegada do interior, também morava com a família.

Inteligente, prático e habilidoso na cozinha, Machadinho não demora muito para revolucionar a vida da família e do bar. Transforma o mau cheiroso botequim num restaurante, que se torna um grande sucesso. Ao mesmo tempo, o rapaz passa a ser considerado um filho por Joana e Vitor e faz, indiretamente, com que eles sonhem num casamento com Gracinha.


Gracinha e Lourdinha, por sua vez, de cara, acabam se apaixonando por Machadinho. Lourdinha, apesar de namorar Cássio (Roberto Pirillo), sempre que podia, jogava seu charme para cima do rapaz, mas era pelo carisma e meiguice de Gracinha que o português deixava-se envolver, passando assim, a ter um tranqüilo romance com a jovem para a alegria de Joana e Vitor.


Tudo correria às mil maravilhas, não fossem a interferência de Lourdinha. Apesar de ter vindo do interior, ela não tinha nada de ingênua, tão pouco caipira, muito menos amiga verdadeira de Gracinha. Dona de uma mente maquiavélica, ela usava dos mais torpes artifícios, desde fofocas, intrigas e até chantagem na intenção de conquistar o atraente português e tirá-lo de vez dos braços de Gracinha. De tanto aprontar, Lourdinha enfim consegue separar Machadinho de Gracinha, mas também consegue capitalizar todo ódio e aversão do rapaz.


Não foi a ingenuidade de Gracinha, tão pouco o atrevimento de Lourdinha que conquistaram o coração do sedutor Machadinho. Para conquistar o moço sensível, romântico e ambicioso, só mesmo uma mulher muito especial, que não tinha nada a ver com as duas jovens que o disputavam. Afinal, tanto uma como a outra mostrou aspectos de personalidade que decepcionou o rapaz. Gracinha foi ingênua em acreditar que Machadinho tivesse agarrado Lourdinha, como a falsa amiga fez questão de lhe contar. Na verdade, jamais Machadinho seria bobo a ponto de enganar a namorada morando na mesma casa. Ainda por cima, Gracinha confessou que não confiava no namorado e que sua amizade com Lourdinha era mais importante que seu amor por Machadinho. Essa constatação deixava o português completamente decepcionado com Gracinha.

O atrevimento e a falsidade de Lourdinha só serviram para Machadinho se afastar definitivamente dela. Apaixonada e rejeitada pelo rapaz, Lourdinha planeja se vingar de Machadinho. Durante uma madrugada ela dá um jeito de agarrá-lo e beijá-lo em plena cozinha. Logo em seguida começa a gritar por socorro, deixando todos pensar que o português havia tentado agarrá-la as forças, provocando assim, a maior confusão.


Quando conhece Fernanda e fica apaixonado por ela, Machadinho faz de tudo para conquistá-la. Já Fernanda, que a principio o procurava apenas para curtir suas dores de cotovelo por causa do romance entre Milena e Fábio, descobre no rapaz uma série de qualidades e atrativos, se tornando sua companhia constante. Machadinho conquista de vez o coração de Fernanda e a fez esquecer de Fábio.


Gracinha e Lourdinha ficam surpresas com o romance entre Machadinho e Fernanda. Como sempre, Lourdinha se revolta e tenta separá-lo de Fernanda, mas acaba se dando mal. Numa de suas tentativas de chantagear o português, Machadinho acaba gravando uma conversa comprometedora de Lourdinha e mostra para toda família a desmascarando. Depois que cai sua mascara, só resta o desprezo de todos em elação a Lourdinha que decide viver sua vida longe de todos por livre e espontânea pressão.


Gracinha se cansa de esperar uma conciliação com Machadinho e resolve se aproximar de Paulo (João Carlos Barroso) que também curte uma desilusão por causa de Patrícia.



Kiki Blanche teve seus dias de glória nos tempos de vedete do teatro de revista nas décadas de 1940 e 1950. Naquela época, admiradores e apaixonados eram o que não lhe faltava. Porém, no auge da fama, Kiki troca o sucesso, o palco e os aplausos do publico pelas fraudas e os cuidados com a filha Milena, fruto de um amor infeliz.


Em pleno ano de 1977, do sucesso restava apenas a lembrança. Mas Kiki tornava-se proprietária de um conceituado e prospero salão de beleza na zona sul do Rio de Janeiro, que conseguira montar com muito sacrifício e dividia seu tempo trabalhando no salão e como a dedicada mãe dos cinco filhos: Paulo de 19 anos, Fernanda de 18 anos, Renata de 17 anos, a pequena Regina de 10 anos, além de Milena, a filha mais velha.


Moderna, compreensiva, além de mãe excepcional, Kiki Blanche também era confidente dos filhos e amiga em todas as horas. Sempre atenta ao menor sinal de problema com qualquer um deles, ela defende a família com toda garra. Embora escondesse quem era o verdadeiro pai de Milena e que esta era a verdadeira mãe de Fernanda, numa atitude de super-proteção, ela tinha um papel decisivo na felicidade dos filhos. Mesmo que nem sempre conseguisse resolver os problemas dos filhos, sua presença era muito importante. Era nela que eles encontravam conforto, apoio e força suficiente para enfrentar acontecimentos inesperados.


Na verdade, felicidade para Kiki era ver a felicidade dos filhos. Seu esforço era recompensado quando via Renata apaixonada por Cássio; Paulo conformado com o rompimento com Patrícia e até disposto a um romance com Gracinha; Milena de bem com Fábio e a rebelde Fernanda criar juízo e encontrar o amor nos braços de Machadinho.


As filhas de Kiki Blanche resolvem fazer um show de vedete, vestidas a caráter, cheias de plumas, boas e paetês, deixando Kiki surpresa na festa de seu aniversário. A comemoração foi alegre, divertida e muito luxuosa, transformando-se em mais uma cena antológica da teledramaturgia brasileira.



Um mistério em relação ao passado da ex-vedete Kiki Blanche e o Dr Sérgio (Rogério Fróes) também aguçava a curiosidade do telespectador. O segredo era desvendado quando o publico descobria que Kiki e Sérgio haviam sido namorados quando jovens e desse romance nasceu Milena. Ele havia se apaixonado perdidamente pela vedete do teatro rebolado e quando descobriu que Kiki estava grávida a abandonou covardemente, fazendo com que Kiki criasse Milena sozinha. No confronto com Sérgio, Kiki revela que o salvou da falência e que fez cair por terra sua máscara de homem perfeito.


O intransigente industrial Sérgio Mello não consentia o namoro de sua filha Patrícia com o filho de Kiki, Paulo (João Carlos Barroso). Dr Sérgio tinha medo que seu passado viesse à tona e todos descobrissem que freqüentava os camarins das vedetes do teatro rebolado e que tivera um caso com Kiki Blanche.


Autoritário e moralista, Dr Sérgio Mello era um verdadeiro ditador. Ele mostrava-se um homem perfeito, de moral rígida e preconceituosa, apesar de seu passado nada recomendável. Palavras e gestos de carinho eram coisas inexistentes no cotidiano de Sérgio, fazendo questão de aterrorizar a vida da esposa Mirtes (Suzy Arruda) e a filha Patrícia. Com isso, só conseguia o medo da mulher dominada e submissa e o ódio da filha que se cansava de tanta incompeensão e resolvia sair de casa.


Num certo momento, Milena decide ajudar na relação entre seu irmão Paulo com Patrícia. As coisas começam a mudar quando ela se convence que Paulo e Patrícia se amam de verdade. Determinada, Milena vai até a casa do rígido Dr Sérgio na intenção de conseguir seu consentimento. Mas esse encontro serve apenas para mostrar a Milena que Sérgio é um grande preconceituoso. O milionário arruinado, ignora que também é pai de Milena, só conseguindo vê-la como filha de uma ex-vedete, que, como tal, não merece alguma consideração dele. Por isso não deixa a moça expor suas razões e logo no inicio da conversa a coloca para fora de sua casa. Revoltada com a grosseria sofrida, Milena só vê uma saída para solucionar de uma vez por todas a questão: Kiki Blanche frente a frente com o Dr Sérgio. Através de Kiki, o empresário acaba sabendo que foi capaz de expulsar a própria filha.


Sozinha e livre, Patrícia esquece o pai tirano e a mãe submissa, deixando para ambos o remorso e a solidão como resultado de tanto desamor. Ela também decide romper seu namoro com Paulo, já que não o ama e arranja um moderno emprego, onde o que recebia mal dava para pagar as suas despesas. Assim que sai de casa, Patrícia vai morar sozinha, em compensação ganha a liberdade que sempre sonhou.



Renata é outra que encontra a felicidade longe de Netinho, depois que resolve esquecê-lo de vez. Ela enfim reencontra o amor nos braços de Cássio (Roberto Pirillo), que era o melhor amigo de Netinho.



A governanta Adelaide (Carmem Silva), acompanhou Kiki desde seus tempos de sucesso como vedete. Ela passou a fazer parte da grande família da ex-vedete. Discreta e leal, acaba conhecendo todos os segredos da família, mas nem de longe interfere. Era ela quem Kiki recorria quando os problemas apareciam.



Dono de um botequim em São Cristovão, Vitor (Isaac Bardavid) não morria de amores pelo trabalho. Sempre mau humorado, ele vivia as turras com o sogro, Chico Rico (Oswaldo Louzada), um velho aposentado que tinha mania de grandeza, herança de um poupado passado financeiro. Mas não foi somente o apelido que Chico Rico herdou. Ele também tinha uma certa cultura, que o genro não possuía, se valendo disso para menosprezá-lo.

O português Machadinho chega cheio de idéias inovadoras para trabalhar no botequim de Vitor. Ele acaba transformando o estabelecimento num restaurante modelo da época. Quando se vê bem financeiramente, Vitor decide implicar ainda mais com o sogro, deixando de contar com as reviravoltas da vida. Depois de um tempo, Chico Rico ganha na loteria e faz Vitor engolir toda sua pretensão.


Mulher de Vitor e mãe de Gracinha, a simpática Joana (Heloísa Mafalda) era o exemplo perfeito de mãe e esposa simples, abnegada e trabalhadora. Sempre as voltas à cozinha do restaurante, que em sua homenagem recebeu o nome de “Tia Joana”, seu principal trabalho era apartar as brigas constantes entre seu pai e o marido Vitor. Antes de Machadinho chegar cheio de idéias e montar o restaurante, Joana e Vitor, junto com os pais dela, Chico Rico e Marcelina (Lídia Yório) tentavam, com muita dificuldade, se manter com a pouca renda do antigo botequim.


Grande admiradora de Machadinho, Joana sonhava com o casamento de Gracinha com o charmoso português. Ela usava de mil artifícios para conseguir casar a filha com Machadinho, mas Gracinha acabava se envolvendo com Paulo.



Irmã mais velha do advogado Fábio e solteirona, Silvia (Célia Biar) não perdia as esperanças de conseguir um marido. Mas a mulher não tinha tempo para o amor, pois vivia se envolvendo com os problemas sentimentais do irmão, sempre servindo de conciliadora entre ele e Milena. A sobrinha Lia (Mirian Fischer) era outra preocupação que também tomava todo seu tempo. Sua ajuda, aliada a persistência de Fábio, acabava a unindo a Milena. Com essa atitude, Silvia acabava esquecendo de si mesma.



Lia e Regina (Gisela Carneiro da Rocha), uma, a filha de Fábio e a outra, a caçula de Kiki, eram amigas inseparáveis e responsáveis em aproximar Milena e Fábio. Apesar da grande amizade, as garotas eram muito diferentes. Enquanto Regina tinha todos os mimos e privilégios de caçula, Lia, órfã de mãe, vivia agarrada na tia Silvia, morrendo de medo que Fábio, seu pai, se torne a casar. Mas os carinhos e a atenção de Milena a deixam segura e a conquista de vez.



Galante, inteligente e charmoso, Zé Tião (Hélio Souto), que também era irmão de Celeste, reunia todas as qualidades que o tornava um homem atraente aos olhos da mulherada. Todas, exceto Milena, justamente por quem ele ficava perdidamente apaixonado.


Para tentar conquistá-la, ele sempre a cortejava e a presenteava com jóias caríssimas. Porém todo o seu investimento não dava em nada, no mínimo ele conseguia deixar Milena um pouco balançada, mas a paixão que ela sentia por Fábio acabava falando mais alto, para desespero do milionário.



Decepcionado por não conseguir conquistar o amor de Milena, o fazendeiro Zé Tião decide investir na paixão pela exuberante Carla Lambrini (Lady Francisco). Afinal, sendo Carla uma mulher sexy e insinuante, além de milionária, ele consegue reunir em uma só oportunidade o útil ao agradável.



Cassiano Gabus Mendes inspirou-se em famosas vedetes, como Virgínia Lane, Nélia Paula e Mara Rúbia, para escrever uma novela charmosa, criativa e muito interessante. O autor conquistava o telespectador, definitivamente, com uma história recordista de audiência.

“Minha preocupação em escrever uma novela é antes de tudo agradar ao publico. Eventualmente brinco com assuntos mais sérios, mas sou cuidadoso, não dou murro em ponta de faca. É inútil. A realidade, o cotidiano das pessoas e seus conflitos são minhas principais fontes de inspiração. Talvez seja essa a razão de meu sucesso. O telespectador gosta de ver seus problemas retratados, identificando-se, assim, com os personagens. Embora não seja ainda um veterano no assunto, acredito muito em novela. Nada se comparado ao seu poder de comunicação, de penetração junto ao grande publico. E se ela ainda não é o que se pode chamar de ideal, a culpa não é dela, mas de quem a escreve”.
Cassiano Gabus Mendes (1977)



“Locomotivas” começou a ser montada e gravada em janeiro de 1977, com termino das gravações em 31 de agosto do mesmo ano. Durante oito meses, seus 28 atores gastaram 1.200 horas de gravação, ora nos antigos estúdios da Globo, ora em vários locais do Rio de Janeiro através de externas. Ao elenco, ainda incorporaram mais outros cinco atores em participações especiais: Castro Gonzaga, Pedro Aguinaga, Hélio Souto, Layde Francisco e Monah Delacy. Nos bastidores o clima de trabalho transcorreu tranquilo, sem brigas entre atores, diretores ou autor; sem romances duradouros, escândalos ou estrelismos. O final da novela foi comemorado com um grande churrasco, nos antigos estúdios da Cinédia, em Jacarepaguá, e contou com a presença de todo elenco.



Locomotivas foi a primeira novela totalmente gravada em cores para o horário das 19h, o que demandou maior cuidado da produção no visual dos atores, cenários, figurinos e locações. “Estúpido Cupido” foi a novela das sete antecessora, ainda gravada em preto e branco, mas com seu último capítulo em cores.



“Locomotivas” também foi a primeira novela a ter seu último capitulo exibido numa sexta-feira e reprisado no sábado. Esta prática tornava-se comum na Globo, a partir de então e durando até os dias atuais.



Lucélia Santos, apenas um mês após o término de “Escrava Isaura”, surpreendeu o público e a crítica especializada ao sair de uma personagem submissa (Isaura) para outra rebelde (Fernanda).



Durante os meses em que a novela ficou no ar, o penteado e a mochila usados por Fernanda, personagem de Lucélia Santos, viraram moda.



Dennis Carvalho se destacou como Netinho, perseguido pela mãe repressora. Myriam Pires viveu, por sua vez, um de seus melhores momentos na TV. A música “Filho Único” de Erasmo Carlos era o tema de Netinho, que virou marca registrada do personagem e fez muito sucesso naquele ano. Ney Latorraca estava cogitado para viver o papel de Netinho, o filho reprimido por Margarida (Mirian Pires). O ator também tinha acabado de gravar a novela “Estúpido Cupido”, antecessora de “Locomotivas”. Mas o papel acabou indo parar nas mãos de Dennis Carvalho.



A Rede Tupi mudou a novela “Éramos Seis” para as sete e meia da noite. “Assim você não perde as Locomotivas”. Esse foi o surpreendente anúncio que a TV Tupi publicou nos jornais de 14 de agosto de 1977, reconhecendo os imbatíveis índices de audiência da novela concorrente.



Célia Biar, que vivia a personagem Silvia, atropelou de verdade a colega Ilka Soares. Tudo aconteceu num descuido da atriz, durante a gravação de uma cena de atropelamento. Era a terceira tentativa, que ficou perfeita por causa da veracidade. A cena foi ao ar em exatos 09 de abril de 1977 e, felizmente o acidente com Ilka Soares não teve gravidade. O acontecimento apressou a contratação de dublês, pela Globo, em cenas perigosas.



A modelo Maria Mônica Saboya ficou famosa na época por causa da abertura de “Locomotivas”. Ela era a moça que aparecia sendo maquiada na abertura.



Raul Travassos foi responsável pela montagem de 24 cenários fixos para a novela – cinco externos e 19 em estúdio – construídos na emissora, no Jardim Botânico. Também houve cenas gravadas em Portugal, com a participação de alguns atores locais, como Márcia Condessa, famosa fadista.



A figura romântica do português Machadinho se tornava importante na trama. Através do sucesso do personagem, o autor Cassiano Gabus Mendes resolvia introduzir passagens do passado da vida de Machadinho, gravadas na própria Portugal, com citações de “Os Lusíadas de Camões”. O telespectador pode ver um passeio do personagem a “Quinta das Lágrimas”, em Coimbra, onde morou e morreu Inês de Castro (grande amor de D. Pedro I no Século XIII), na época um lugar muito frequentado por casais de namorados portugueses.



Locomotivas foi reapresentada entre janeiro e setembro de 1978, às 13h30, e num compacto de uma hora e meia através do Festival 15 anos da TV Globo, com apresentação de Eva Todor, em março de 1980.



Em novembro de 1986, "Locomotivas" voltava a ser reprisada. Dessa vez às 18h, sucedendo a novela “Sinhá Moça” de Benedito Ruy Barbosa. Neste período, a Globo estava com um projeto de abandonar as novelas das seis, mas logo a direção mudou de idéia e “Direito de Amar” de Walther Negrão, entrava na fase de produção acelerada até que estreasse em 16 de fevereiro de 1987, após o termino de “Locomotivas” em 14 de fevereiro.


A abertura da novela mostrava a modelo Maria Mônica Saboya sendo maquiada num salão de beleza por dois cabeleireiros. Uma abertura simples, porém empolgante se não dizer estimulante por conta da música tema Maria-Fumaça da banda Black Rio, mais um sucesso musical da época.




Memoráveis trilhas sonoras da novela “Locomotivas”. A trilha sonora nacional trouxe músicas que viriam a se transformar em verdadeiros clássicos de nossa MPB. Algumas delas chegaram a ser regravadas muito tempo depois, por novos e famosos interpretes. As músicas de maior sucesso foram “Enrosca” na voz de Guilherme Lamounier, “Coleção” com Cassiano, “Filho Único” de Erasmo Carlos, “Espere por mim Morena” de Gonzaguinha, “Eu Preciso Te Esquecer” de Cláudia Telles, “Locomotivas” de Rita Lee, entre muitas outras.

A trilha sonora internacional também não deixava a desejar. Temas que embalaram as danceterias no auge das discotecas em plena década de 1970. Destaque para os temas dançantes de Andrea True Connection, Grace Jones, a maravilhosa “Young Hearts Rum Free de Candi Station entre outros. Morris Albert abria o LP com a romântica “Conversation”. O cantor brasileiro, que na verdade se chamava Mauricio Alberto Kaisermann, ficou famoso através do hit “Feelings” em 1975. Era uma época em que alguns cantores brasileiros gravavam músicas em inglês chegando também a adotar um nome artístico americano como pseudônimo. A intenção era chamar a atenção dos produtores de trilhas sonoras internacionais de novelas brasileiras que contribuíam em difundir o movimento “Made in Brazil”, para que suas composições fossem inseridas nas trilhas sonoras numa época em que as emissoras sofriam dificuldades em conseguir grandes nomes internacionais para compor temas de novelas. Michael Sullivan, que na verdade se chama Evanilto, saiu de Recife aos 17 anos, chegou no Rio de Janeiro e foi outro brasileiro que fez sucesso cantando em inglês a música “Sorrow”, tema de Milena (Aracy Balabanian) e Fábio (Walmor Chagas). Hélio Costa Manso, executivo da Som Livre usou nos anos de 1970 o pseudônimo Steve McLean, sob o qual cantava hits melosos de novela, como se fosse um ídolo romântico internacional. Em “Locomotivas” Steve McLean esteve presente com a música “Sweet Sounds, Oh Beautiful Music!”. A mania dos cantores internacionais “Made in Brazil” começou a decair no início dos anos de 1980, quando a música brasileira ganhou mais espaço nas rádios.


Trilha Sonora Nacional


01. EU PRECISO TE ESQUECER - Cláudia Telles (tema de Milena e Fábio)
02. DESENCONTRO DE PRIMAVERA - Hermes Aquino (tema de Machadinho)
03. FILHO ÚNICO - Erasmo Carlos (tema de Netinho)
04. ENROSCA - Guilherme Lamounier (tema de Patrícia)
05. AMAR É NUNCA PRECISAR PEDIR PERDÃO - Mauro Sérgio (tema de Renata)
06. LOCOMOTIVAS - Rita Lee (tema geral)
07. MARIA-FUMAÇA - Black Rio (tema de abertura)
08. COLEÇÃO - Cassiano (tema de Fernanda)
09. VÔO SOBRE O HORIZONTE - Azimuth (tema de Kiki Blanche)
10. CONSUMATUM EST - César Costa Filho (tema do núcleo do botequim)
11. ESPERE POR MIM MORENA - Luiz Gonzaga Jr. (tema de Machadinho e Gracinha)
12. BABY - Quinteto Ternura (tema de Lurdinha)
13. CONSIDERAMOS - Edu Lobo (tema de Celeste)
14. ALÔ, ALÔ BRASIL - Marília Pêra

Trilha Sonora Internacional


01. CONVERSATION - Morris Albert (tema de Renata)
02. YOUNG HEARTS RUN FREE - Candi Staton (tema geral)
03. SORROW - Michael Sullivan (tema de Milena e Fábio)
04. THAT'S THE TROUBLE - Grace Jones
05. PIU - Ornella Vanoni (tema de Fernanda)
06. LOVE IN 'C' MINOR - Cerrone
07. SWEET SOUNDS, OH BEAUTIFUL MUSIC! - Steve McLean (tema de Machadinho e Gracinha)
08. RAINY DAY - Richard Young (tema de Netinho e Celeste)
09. N.Y. YOU GOT ME DANCING - Andrea True Connection
10. SAD SONGS - Alessi (tema de Patrícia)
11. DANCE AND SHAKE YOUR TAMBOURINE - Universal Robot Band
12. MOVIN' ON - Cook & Benjamin Franklin Group
13. NOBODY'S CHILD - Penny McLean
14. L'ESPÉRANCE - Artic (tema de Machadinho)



Novela de Cassiano Gabus Mendes
Direção de Régis Cardoso

ELENCO
ARACY BALABANIAN - Milena
WALMOR CHAGAS - Fábio
LUCÉLIA SANTOS - Fernanda
EVA TODOR - Kiki Blanche
DENIS CARVALHO - Netinho
ILKA SOARES - Celeste
MIRIAN PIRES - Margarida
ELIZÂNGELA - Patrícia
ROGÉRIO FRÓES - Sérgio Mello
JOÃO CARLOS BARROSO - Paulo
THAÍS DE ANDRADE - Renata
TONY CORRÊA - Machadinho
MARIA CRISTINA NUNES - Gracinha
TERESINHA SODRÉ - Lurdinha
ROBERTO PIRILLO - Cássio
CÉLIA BIAR - Sílvia
HÉLIO SOUTO - Zé Tião
CARMEM SILVA - Adelaide
ISAAC BARDAVID - Vítor
ELOÍSA MAFALDA - Joana
OSWALDO LOUZADA - Chico Rico
LÍDIA IÓRIO - Marcelina
SUZY ARRUDA - Mirtes
LADY FRANCISCO - Carla Lambrini
JOSEPHINE HELÈNNE - Zulmira
MYRIAN FISCHER - Lia
GISELE ROCHA - Regininha
CARLOS ADIER - Olavo (mordomo de Sérgio Mello)
NENA AINHOREM - Nair (secretária de Fábio)
VERA PAES - empregada de Fábio
PEDRINHO AGUINAGA - Marco Aurélio


Fontes:
ARQUIVO MUNDO NOVELAS
Rede Globo
Wikipédia

Agradecimento:
Oscar Gouldman

2 comentários:

  1. ... Mais alguém que curte novelas. E LOCOMOTIVAS!
    A Gizela Rocha trabalha em outra coisa há tempos; até respondeu a alguns comentários num site - além do meu.
    A Miriam Fischer é dubladora. Parece que suas filhas tb são.
    Como morei no RJ durante tempos, lembro da praia onde aparecem algumas cenas.
    Além de ter a honra de falar com alguns pessoalmente após ir ao TEATRO: Eva Todor por exemplo. Um baita ser mesmo.
    João Carlos Barroso era parente de alguém que conhecia a minha família, de nome Paulino. Este casado com ZELIA SALGADO: pintora renomada.

    * Abordam a GUERRA DOS SEXOS. Alias nem sei pq babam tanto ovo desta; ainda mais na 2a versão - a entrada deveria ser como a da 1a só que COM VESTIMENTAS ATUALIZADAS. A famigerada cena da guerra de comida. Rendem tal até não sei quando.

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